Fotos e vídeos: Aninha Neves e Claudney Neves
Muita gente pode achar estranho, mas detesto, sim, detesto, eventos sociais. Aniversários, casamentos, batizados, festinhas, velórios e outros desse tipo. Minha filha herdou isso! Quando tinha uns 13 anos, perguntei o que ela queria como presente de 15 anos. Quando respondeu “uma viagem!”, para onde? “Queria mergulhar!”, Ah, então vamos pra Fernando de Noronha 🙂 E fomos.
Meu cartão de crédito se encolheu todo quando falei o nome da ilha, masssss, seria um presente de 15 anos. Comecei a fazer os contatos e malabarismos para encolher o orçamento e trazer essa viagem para o padrão “viagem de escalada com o Claudney”.
A primeira data escolhida compreendia o feriado da Independência, mas, os preços estavam abusivos, mais de R$ 3.000 para um só passageiro. Descartamos. Uns dois meses antes da viagem, sentei em frente ao computador e executei a mágica, uma das passagens (ida e volta) seria paga com milhas, com 40.000 era possível viajar em qualquer período. Quase zerei minha conta do Smiles e uma estava resolvida. A partir daí comecei a fazer as combinações, tinha que ser um período razoável, nem poucos dias, nem tempo demais. Já que você paga por cada dia de permanência e considerando também que em julho começa a época boa e outubro é o limite da boa visibilidade para quem quer mergulhar. Um dia pra lá, um dia pra cá, opa, esse dia tá razoável, mais um dia pra lá, outro cá, volta um, adianta lá… No final saiu tudo por um pouco mais de R$ 1.300. Divide em 6x e pronto. Resolvido.
A tabela com os valores da taxa de preservação ambiental, a que você paga só por permanecer lá, pode ser vista aqui e já dá para pagá-la e evitar filas na ilha.
Um amigo do trabalha que já havia ido para Fernando de Noronha me passou o contato de uma pousada. Considerando os padrões locais, essa parte ficou em conta, chegaríamos dia 10 de outubro (2011) e partiríamos dia 13. Três noites por R$ 400/duas pessoas. Ficamos na casa do Ernani (Pousada da Ro – 81 3619-1517/9995-4155 noronha.ro@hotmail.com), mas isso depois de nosso primeiro contato surgir com um problema de última hora. Inicialmente, a hospedagem seria na Pousada do Eli, onde fiz contato com a Rafaela (081 9916-3444), depois de falar com o próprio, indicado por uma figura, chamada Ben Hur. No final da história tudo deu certo e ocupamos um quarto com duas camas, ar, frigobar e um chuveiro quente. A pousada fica em uma das ruas que desemboca na Praça do Flamboyant, entrada da Vila dos Remédios. Mais exatamente no nº 1 da Alameda da Harmonia.
Mesmo com atraso de quase uma hora no primeiro vôo, a viagem foi bem tranquila, saída do Rio, conexão em Recife e antes das 17h (horário local) desembarcamos em Noronha. Senti a lapada da taxa de preservaçãoambiental, R$ 121,20 para cada um de nós 🙁 Saímos e subimos em um buggy-taxi, que já conhecia a pousada, cobrou R$ 15 por um trajeto que demorou uns 10 minutos, talvez nem isso. Segundo ele, todos esses trajetos são tabelados.
Adiante seu relógio em uma hora na Ilha. Lá sempre é horário de verão 🙂
Queríamos aproveitar o resto do dia e combinamos com o taxista outra corrida. Mais R$ 15. Fomos ao Mirante do Boldró para ver o pôr-do-sol, UM ESPETÁCULO! Não dá pra descrever, só vendo! Sol se pondo de um lado, lua nascendo do outro… Como falei, só vendo!
Um táxi de Noronha
O clássico pôr-do-sol
Parece que tava gostando 🙂
Se puder coincidir a viagem com a fase da lua cheia, faça!
Aproveitei a disposição da menina e voltamos a pé para a pousada, uns 20 minutos. Nos perdemos para entrar na rua certa, mas acabamos encontrando, quase que pelo instinto, já que dessa vez não achamos ninguém que soubesse onde ficava o bendito lugar. Antes jantamos em um restaurante que depois serviu como referência. O Ousadia fica quase em frente à rua da pousada, fácil 😉 Paguei R$ 38,80 para nós dois no self-service de lá. Bem em conta. O resto da noite ficamos por ali mesmo no quarto, o dia seguinte seria longo, bem longo…
Uma boa dica e ter um cartão da pousada com você, não tínhamos e não sabíamos o endereço, nem anotamos o telefone, já que todo o contato foi com a Rafaela, a responsável pela outra pousada. Não sei se é só comigo que acontece, mas me senti meio perdido ao chegar lá, depois você vê que é muuuuito simples se orientar.
Celular funciona na ilha, pode levar.
O mapa que vem com o formulário para pagamento da taxa de de preservação ambiental é muito geral. Vá no quiosque de informações ao turista, há um no Porto, oooou imprima o seu aqui.
Não esqueça do protetor solar, indispensável! Muito menos da água, um litro e meio deu para nós dois em cada dia de caminhada. Óculos escuros e boné também são bastante úteis.
Leve baterias extras, você pode precisar para todas as fotos que vai fazer. Dependendo de onde vai ficar, leve um adaptador para os novos modelos de tomada, precisei!
Minhas últimas viagens têm seguido um padrão diferente das primeiras. Antes planejava bem cada dia, cada roteiro, hoje só traço um plano geral e tudo é decidido de acordo com a vontade, ou falta dela. Dessa vez imprimi no dia anterior um relato da Amelia Clark e João Vianna, lemos no avião e deixamos para decidir em cada dia. Funcionou!
Acordamos às 7h, tomamos café e partimos. O destino era o Mirante dos Golfinhos. Compramos água, alguma coisa para comer em um mercadinho antes dos Correios da Vila dos Remédios (R$ 13,90) e pegamos um ônibus que cobre toda a BR-363 (R$ 3,10 cada passagem). Depois de rodar um pouco, descemos na entrada da trilha. Andamos uns 20 min ou meia-hora (sempre perco a noção de tempo nessas viagens 🙂 Encontramos Raíssa, uma bióloga que contava os golfinhos. Perguntei se eles tinham um horário aproximado para aparecerem, ela respondeu que já haviam estado por ali, entre 6h20 e 8h. Estávamos perto das 10h. Aguardamos… Conversamos mais um pouco, chegou mais gente, tiramos algumas fotos das estrelas terrestres, as mabuias, que são muuuuito dóceis e chegam bem próximas, já condicionadas à comida estrangeira. Esperamos mais alguns minutos e desistimos. Continuamos para a Baía do Sancho, uma trilha tranquila, com muitos mirantes e mais um visual ESPETACULAR! Mas era só o aperitivo… Descemos a escada para a praia, enquanto os que estavam subindo bufavam. Encontramos uma sombra e ficamos por ali até umas 15h. Esse meio tempo foi preenchido com o objetivo da viagem, mergulhos.
Chegando ao Mirante dos Golfinhos
Trinta-réis com o azul de fundo
Teve gente que não acordou cedo…
Essa menina contou 800 nesse dia
Quaaaase transparente 🙂
Cuidado!
Descendo para a Praia do Sancho
As estrelas da parte seca da ilha
Mabuia
Fiquei pensando como…
Esses bichinhos aí são exóticos e comem as raízes das árvores
E mais mabuias
À vontade…
Coé, vai encarar???
Trânsito terrível lá
Uhuuu!
Os mergulhadores
Delícia!
Peixe diferente não falta lá…
…
…
Ah, tem tartaruga também 🙂
E deu até pra nadar com elas
…
Panorâmica Dois Irmãos-Morro do Pico
Se você for para Noronha, não deixe de levar uma câmera subaquática, ou alugar uma na ilha, vale muito à pena. Comprei uma Sony TX-10, bem compacta, prática e faz belas fotos. Peixes, corais, tartarugas e toda a magia do fundo do mar guardadas, valem cada centavo investido. Outra coisa que não pode faltar é o conjunto máscara/snorkel, leve!
Nos concentramos no lado direito da praia e em algumas pedras mais para o meio, foi onde encontramos as protegidas do Projeto TAMAR. Três tartarugas que foram fotografadas incessantemente 🙂 Fechamos o expediente no Sancho e seguimos uma trilha que parecia pouco frequentada para a Baía dos Porcos… Se o que eu já falei até agora sobre o visual foi ESPETACULAR, a Baía dos Porcos não tem definição. Um mar azul de sonho preenchido pelos morros Dois Irmãos e um litoral que não acaba, só vendo!
Baía dos Porcos
Morador da Baía
Descemos para a praia e vimos piscinas perfeitas para mais mergulhos, como nossa cota no Sancho tinha sido grande, passamos direto para as outras praias e só aí vimos uma placa dizendo que a travessia que acabávamos de fazer estava interditada, com perigo de desmoronamentos! Bem que achei o caminho estranho, Aninha também 😀
Estacionamos na Cacimba do Padre em uma sombra irresistível e curtimos ali um longo tempo de vagabundagem, um nada pra fazer delicioso de frente para o mar. Perto das 17h guardamos a canga e seguimos sem saber bem por onde… Passamos de praia em praia, trilhas abertas e nem tanto e acabamos no mirante do Boldró, onde já tínhamos assistido o pôr-do-sol no dia anterior. Repetimos a dose e caminhamos, também como no dia anterior, para a Pousada. Paramos no Projeto TAMAR para um filminho às 20h30 e palestra sobre Tartarugas meia hora depois. Antes disso nos indicaram o Restaurante Du Mar e a Tapiocaria ali perto para decidirmos onde nossa fome nos levaria. Comida de verdade foi a pedida, risoto de camarão pra ela e peixe com molho de camarão pra mim. Logo na entrada dá pra perceber que o lugar não é tão barato quanto o Ousadia, mas essa noite nos demos esse luxo. Prejuízo final R$ 121,33.
Cacimba do Padre
Sombra irresistível
Pezinho andador 🙂
Sol indo embora
Cada um aproveitando à sua maneira
Silhueta da menina
Longa exposição com as nuvens em movimento
Essa morreu por comer plástico 🙁
Palestra no TAMAR
A base do TAMAR na ilha é um dos lugares imperdíveis, lá você conhece o projeto e fica sabendo das atividades que possibilitam interagir. Todas às noite há palestras. Algumas vezes por semana é possível ver a captura e identificação dos animais e de janeiro a maio, mais ou menos, eles oferecem, para um número limitado de pessoas, o que chamam de tartarugada, que é a noite quando as tartarugas põem os ovos. Das 20h até o amanhecer você pode ser um dos escolhidos para assistir isso 😉 E não deixe de levar uma lembrança na loja do projeto, que fica em frente ao auditório.
Ainda na base há vários quiosques, um deles é de uma empresa que faz passeios de barco, vimos o roteiro, o preço (R$ 150 cada pessoa) e desistimos. O passeio passava pela mesma área por onde havíamos caminhado no dia anterior. Voltando à noite, pegamos a estrada novamente e dessa vez, sem erros, compramos duas águas (R$ 6,00) no quiosque em frente à rua da pousada e chegamos, com a Ro elogiando nossa disposição depois dessas histórias todas 🙂
É papo de pai coruja, mas a mocinha de 15 anos deu um show de resistência e mostrou que é mesmo daquelas que topa o que tiver pela frente. O tipo de companhia de viagem que vale a pena ter em qualquer parte do mundo! A quarta-feira provou isso 😉