Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina | Rio Caminhadas.com.br

Escalada móvel no Frey | Odiamos amar a Argentina

11 Jan – Segunda-feira

O céu perfeito da noite anterior foi pura enganação. Depois da madrugada fria, acordei com a chuva caindo no teto da barraca. Adormeci e acordei novamente com uma frase do Mauro: “Pessoal, tá nevando!”. Quando abri a porta, tudo estava coberto de neve. Escalada já era. Minha sunga e a tolha, que deixei para secar fora da barraca, amanheceram congeladas. Fomos para a cozinha do abrigo preparar nosso café da manhã. As horas escorriam lentamente enquanto matávamos o tempo. Ficamos lá pelo abrigo mesmo – lá há um aquecedor, lembram?! –, jogando conversa fora, jogando xadrez e conhecendo gente do mundo todo, inclusive muitos brasileiros. Uma coisa comum são os escaladores que vão sozinhos e encontram parceria por lá. Assim, se você não tiver companhia para viajar, ir para o Frey durante a temporada pode ser uma boa idéia. A propósito, a melhor época para escalar rocha vai de janeiro ao início de março.

Nossa casa

É, nevou de verdade

O abrigo

Totalmente no contexto

Joguei muito mais xadrez do que escalei

Abominável gato das neves

 

Como esse dia foi pouco recheado de acontecimentos, aproveito para passar mais algumas dicas gerais:

Tomei banho quaaase todos os dias na laguna. Sim, é gelada. Não é permitido usar sabonete ou xampu, há uma placa avisando isso. A técnica era a seguinte: pegava uma panela na cozinha do abrigo, usava-a para me molhar, levava água para longe da lagoa e, após me ensaboar, retirava o sabão do corpo. Fácil!

A água na laguna não é a ideal para beber, há aves ao redor do lago, e elas cagam, claro. Há um cano no meio da trilha para as barracas, que capta água alguns metros acima. Outra opção é encher as garrafas na torneira da cozinha do abrigo, que também capta água de mais alto.

Há uma história de que a água de degelo não hidrata. Realmente é verdade, a neve não possui sais minerais. Se você derreter neve para beber, vai estar retirando sais do seu corpo ao invés de repor. Isso é uma coisa, outra é o que dizem sobre a água que bebemos no Frey. Ela já vem lambendo chão, rocha e tudo mais. Mesmo assim, muita gente recomenda misturar sais na água. O mais comum é colocarem aqueles sucos em pó – Tang, Clight e parecidos – nas garrafas d’água. Não liguei muito pra isso, mas pelo menos uma vez por dia, enchia um litro e meio com um gostinho desses. Vai saber, né…

Achei bota melhor que tênis, lá é tudo muito acidentado, muitas pedras soltas. Impermeável é o ideal.

Não esqueça os óculos escuros.

O sol queima sem você sentir, passe protetor solar sempre. Na pele e lábios.

Não leve muita roupa. Você não vai precisar. Mas conte com o frio, um bom casaco e segundas-peles são indispensáveis.

Até agora não falei nada sobre escalada, vamos começar, então!

As vias no lugar são 95% com uso de equipamento móvel. Basta um jogo de nuts e dois de friends. Até o Camalot #4 tá ótimo. Micro-friends também são bem-vindos.

A graduação usada é a francesa. E as vias mais bem conceituadas estão marcadas no guia com três estrelas.

Leve material para abandonar, cordeletes, fitas… É quase certo que vai precisar.

Ao puxar a corda, após o rapel, aguarde uma janela sem vento – que lá sempre sopra –. No Frey, cordas e fendas se amam e sempre querem ficar juntas.

Muita gente usa corda dupla ou gêmea, mas é possível fazer diversas vias com uma corda só. Mauro e eu usamos uma dupla. Claudio sempre escalou com uma simples.

Antes de entrar em alguma via, converse com alguém com mais experiência de escalada no lugar. O guia impresso é bem simples, qualquer informação complementar será útil.

Chega né? 🙂

Voltando à história… Por volta das 19h fomos buscar o material para preparar a refeição do dia – depois do café da manhã, sempre fizemos apenas uma –. Depois de esvaziarmos uma panela de macarrão, voltamos para o abrigo. Tava quentinho 🙂 Reiniciamos os afazeres do dia, conversas, jogos, vinho… Claudio foi para a barraca sofrer com o vento, e nessa noite ventou de verdade, parecia que havia umas quatro criaturas balançando a barraca. Mauro e eu ficamos pelo abrigo, jogando cartas com brasileiros e o resto do mundo. Um jogo estranho que não sei o nome, nem muito menos sabia jogar. Tinha um tal de presidente, vice-presidente, boluda… Mas foi divertido 🙂 Lá pelas tantas Mauro sumiu… Um pouco depois das tantas, todo mundo parou de conversar para ouvir um ronco que vinha de um canto do abrigo. Era o Mauro que tinha aparecido. Depois de mais algumas rodadas Mauro acordou e partimos para as barracas, com um vento ensurdecedor. Quase caí no rio, talvez não só pelo vento. Retirei a máquina fotográfica da capa para registrar aquilo. Quando procurei a capa novamente, não encontrei, deve ter ido parar em Bariloche. Quando cheguei na barraca, Claudio ainda estava acordado, ou acordou quando cheguei. Comentamos sobre o vento e a noite escureceu de vez.

Para aquecer e secar

Ficávamos namorando o vale

Tabela de preços

Alguém usou o Google para traduzir

Depois daqui não pode

Uma lenticular

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